O Futuro de uma Fábrica de Software é ser uma Fábrica de IA

Visionnaire - Fabrica de IA

“IA está devorando o mundo”. Se nos apropriarmos da frase famosa de Marc Andreessen de 2011, que dizia que o “Software está devorando o mundo” [1], podemos dizer com segurança que agora é a vez da IA (Inteligência Artificial).

Em Março de 2024, Jensen Huang, CEO da Nvidia, subiu ao palco no evento anual da empresa e falou: “Estamos entrando em uma nova era, uma nova revolução industrial, dirigida pelas GPUs, a era da IA”, e dentro desse contexto veremos as “Fábricas de IA” (em inglês, AI Factories) [2].

Quem iria imaginar, uma empresa de hardware (bem, pelo menos era o que achávamos), logo depois viraria a maior empresa do mundo em valor de mercado, desbancando as “eternamente” maiores, Apple e Microsoft. A Nvidia já era uma empresa de U$ 1 Trilhão, e em tempo recorde, em velocidade de Startup, passou de U$ 3 Trilhões. Uma empresa de hardware? Pois é, uma empresa de GPUs (Graphics Processing Units). Só que não! Na verdade, uma empresa de IA.

A Nova Era da IA

Sim, sabemos que a IA existe há tempo, sabemos que os humanos fantasiam com robôs fazendo tarefas automatizadas há mais de um século, mas o que vimos nos anos recentes foi um grande salto, uma grande revolução, que vai ser a base para o que está sendo chamado “A Idade da IA”.

Tudo começou com os modelos de Aprendizado Profundo (Deep Learning) que tentam “imitar” as formas que os neurônios parecem funcionar no nosso cérebro, são os algoritmos de Redes Neurais. Demorou para esses algoritmos mostrarem resultados satisfatórios, muitos nem acreditavam mais, mas em uma combinação de acontecimentos conjuntos (aumento da capacidade computacional com grandes quantidades de dados com novas abordagens de algoritmos inovadores como os Transformers) parece que, como mágica, vimos a IA chegar a um nível “inteligente”, passar no Teste de Turing, e estar disponível para todos, foi o nascimento do ChatGPT da OpenAI.

Parece que já faz tempo, mas o ChatGPT versão 3.5, a qual começou a deixar toda a humanidade de “queixo caído” pela sua capacidade e qualidade de respostas, foi lançado no final de 2022, e chegou à mão das pessoas só no início de 2023. Depois disso, como já vimos em outras épocas com o advento de outras tecnologias, o “mundo mudou”.

A Era da Inteligência

Sam Altman, o CEO da OpenAI que veio do Y Combinator (aceleradora de Startups do Vale do Silício) chamou o que estamos vivendo de “A Idade da Inteligência” [3]. E sim, já estamos vivendo essa era. Dentro da visão da OpenAI para os níveis de Inteligência Artificial que já atingimos e iremos atingir nos próximos anos, estão:

Nível 1 – Chatbots. Já atingido, como o ChatGPT começou.

Nível 2 – Raciocínio. A IA com “raciocínio lógico”, o que já foi atingido com o modelo o1 da OpenAI (aqui vale uma observação para nunca esquecermos, a palavra “raciocínio” é usada como uma analogia apenas, pois em IA tudo não passa de matemática e estatística, em alta escala).

Nível 3 – Agentes. Previsto antecipadamente por Andrew Ng (o professor de IA de toda essa turma) [4] e [5], os agentes de IA executam tarefas de longa duração, conversam com outras IAs, executam múltiplas interações dentro de um ambiente e podem pedir ajuda quando necessário. Já estamos no início dessa fase, mas 2025 será o ano que veremos muito mais o uso dos agentes de IA.

Nível 4 – Inovadores. A IA “criando” coisas novas, inovando. Até os momentos atuais, por ser baseada em tudo que é escrito no mundo, por ser baseada no conhecimento humano existente, a IA não necessariamente “cria” coisas novas. Mas vai criar. Vai inovar. Vai ter a habilidade de sair e explorar, entender um fenômeno não bem entendido por um longo período de tempo, e descobrir coisas. Esse é o próximo nível que entraremos nos próximos anos.

Nível 5 – Ainda sem forma. Um nível ainda não bem definido, uma IA que você possa dizer “Vá, e faça algo”, e ela sair fazendo em uma escala de uma inteira empresa ou organização. Esse é um dos objetivos de curto prazo (anos) da OpenAI.

Sam Altman também destaca: “Não estamos nem perto do ponto de saturação”, e ressalta: “Os modelos de IA vão ficar muito melhores muito rápido”.

Jensen Huang também disse que o que veremos nos próximos poucos anos (questão de 1 a 3 anos) de evolução da IA vai ser avassalador (como se o que nós vimos nos últimos 2 anos já não tenha sido). E o que veremos nos próximos 10 anos será um ganho de escala e progressão geométrica nunca antes visto, um fator de crescimento de 2x a 3x ao ano [6] (o gera um crescimento exponencial muito maior que a Lei de Moore que prega que o crescimento da capacidade dos chips dobra a cada 18 a 24 meses [7]).

Jensen também destaca que o motivo desse crescimento exponencial nunca antes visto não é apenas por causa da evolução dos chips (os quais ele mesmo produz), mas também pela evolução da velocidade de comunicação (tanto dentro quanto fora de um datacenter) e pela evolução do software (algoritmos cada vez melhores e com melhores resultados). Jensen ressalta: “Iremos modificar os algoritmos para refletir a arquitetura do sistema e daí mudar o sistema para refletir a arquitetura do novo software, e ir iterando dessa forma” [6].

E para tudo isso, vamos precisar de muita energia [8].

Unanimidade

Já vimos muitas revoluções tecnológicas. Só para falar das recentes, passamos pela revolução do PC (Personal Computer), depois a revolução da Internet, depois a revolução Móvel, sendo que parece que cada uma foi maior que a outra. Só que dessa vez estamos diante da maior revolução, a revolução da IA, e que vai ser maior ainda que todas as outras (e olha que essas outras não foram nada pequenas).

Mas será que essa tão falada “Revolução da IA” vai acontecer mesmo?

Bom, dessa vez, parece que é unânime entre todos os líderes e ícones da tecnologia. Desde o Bill Gates dizendo que “A IA será a maior revolução que vou presenciar em vida”, passando por Andrew Ng dizendo que “A IA é a nova Eletricidade”, Sam Altman dizendo que comparável à “Invenção do Transistor”, Masayoshi Son dizendo que “A Nvidia ainda está subvalorizada”, Sundar Pichai dizendo que “IA é a tecnologia mais profunda na qual a humanidade está trabalhando”, Elon Musk dizendo que “Teremos uma IA mais inteligente do que qualquer ser humano provavelmente por volta de 2025”, Raymond Kurzweil dizendo que a “Singularidade está mais perto”, Marc Andreessen dizendo que a “IA vai salvar o mundo”, e chegando a uma frase no mínimo, inusitada, de Jensen Huang, que diz: “O software está devorando o mundo, mas a IA vai devorar o software”.

Visionnaire na Nova Era da IA

Pois então, onde estaria a Visionnaire no meio de tudo isso? Na frente, é claro.

Estamos mudando nosso posicionamento, como empresa, estamos mudando nosso slogan, e estamos nos posicionando não apenas como uma Fábrica de Software que também desenvolve sistemas de IA, mas sim como uma “Fábrica de IA” que também desenvolve software.

IA está na nossa raiz, na nossa visão, na nossa missão para os próximos anos. Já trabalhamos com IA há bastante tempo, mas era hora de mostrar ao mundo o quanto estamos engajados. A partir deste mês, derivado de um trabalho de já vem sendo realizado no decorrer desse ano, estamos posicionando a empresa toda na direção da IA, não apenas no desenvolvimento de software, não apenas na criação de sistemas, não apenas na inovação que faz parte do nosso DNA, mas também na produção, na administração, nos processos, nas escritas, nas especificações, nos códigos, na pilotagem, como um co-piloto mesmo. O uso da IA na própria produção de código de uma fábrica de software, potencializa ainda mais os resultados.

Seja bem vindo à essa nova era. Seja bem vindo à idade da inteligência. Seja bem vindo a uma “Fábrica de IA”.

Sergio Mainetti Jr.

Co-fundador e Diretor da Visionnaire

Notas:
[1] Why Software is Eating the World. Marc Andreessen, A16Z. 2011.
[2] GTC March 2024 Keynote with NVIDIA CEO Jensen Huang. Março de 2024.
[3] The Intelligence Age. Sam Altman, OpenAI. Setembro de 2024.
[4] Andrew Ng: Opportunities in AI. Andrew Ng. Agosto de 2023.
[5] What's next for AI agentic workflows ft. Andrew Ng of AI Fund. Andrew Ng. Março de 2024.